Updates, Live

Friday, January 13, 2017

Mário de Sá-Carneiro, Taciturno (rendido em romeno por Dan Caragea)

Mário de Sá-Carneiro
André Carrilho, Illustration for the book "Lisbon Poets"
published by Lisbon Poets and Co, 2015
(source: flickr)
no copyright infringement intended


Há Ouro marchetado em mim, a pedras raras, 
Ouro sinistro em sons de bronzes medievais - 
Joia profunda a minha Alma a luzes caras, 
Cibório triangular de ritos infernais. 

No meu mundo interior cerraram-se armaduras, 
Capacetes de ferro esmagaram Princesas. 
Toda uma estirpe rial de herois d'Outras bravuras 
Em mim se despojou dos seus brazões e presas. 

Heraldicas-luar sobre ímpetos de rubro, 
Humilhações a liz, desforços de brocado; 
Bazilicas de tédio, arnezes de crispado, 
Insignias de Ilusão, troféus de jaspe e Outubro... 

A ponte levadiça e baça de Eu-ter-sido 
Enferrujou - embalde a tentarão descer... 
Sobre fossos de Vago, ameias de inda-querer - 
Manhãs de armas ainda em arraiais de olvido... 

Percorro-me em salões sem janelas nem portas, 
Longas salas de trôno a espessas densidades, 
Onde os pânos de Arrás são esgarçadas saudades, 
E os divans, em redór, ansias lassas, absortas... 

Ha rôxos fins de Imperio em meu renunciar - 
Caprichos de setim do meu desdem Astral... 
Ha exéquias de herois na minha dôr feudal - 
E os meus remorsos são terraços sobre o Mar...


În mine-i Aur încrustat cu pietre rare,
Sinistru-n sunete de bronz medievale –
Sufletu-mi giuvaer cu raze sclipitoare,
Potir triunghiular de rituri infernale.

Iar în lăuntrul meu s-au ferecat armuri,
Vizierele de fier strivit-au dulci Prințese.
Regala stirpe de eroi de vechi bravuri
În mine și-a lăsat blazoane, prăzi alese.

Crai-nou heraldic peste-avânturi stacojii,
Și umiliri de crin, brocart răzbunător;
Bazilici de plictis, crispări de-armurării,
Trofee mari de jasp, însemn amăgitor…

Podul nedeslușit al lui Am-fost-cândva
A ruginit – și-acum nu pot să-l mai coboare…
Șanțuri adânci în Vag, crenel ce ar mai vrea
Războinici zori de zi, prin tabere-n uitare…

Prin lungi saloane ferecate mă străbat,
Uriașe săli de tron cu densități sporite;
Tapiserii de-Arras sunt dorul destrămat,
Divanurile,-n jur, neliniști obosite…

Imperiu-apune mov la simpla-mi renunțare,
Capricii de satin dintr-un dispreț astral…
Prohoduri de eroi în doru-mi feudal
Cu remușcări ce sunt terase înspre mare…



(Mário de Sá-Carneiro)

(Dan Caragea)

Labels: ,

0 Comments:

Post a Comment

<< Home